A 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, promovida pelo governo Lula, trouxe uma nova abordagem estratégica para o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil. O evento contou com a participação de Olival Freire Jr., físico e historiador da ciência, que discutiu o renascimento da ciência e tecnologia no país.
Freire Jr. destacou a importância histórica do apoio à ciência e tecnologia no Brasil, traçando um panorama desde o início do século XX. Ele mencionou a criação de instituições fundamentais como o Instituto Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan, que foram essenciais no combate a doenças e no desenvolvimento científico do país.
O historiador enfatizou que o desenvolvimento científico e tecnológico está intrinsecamente ligado a projetos de desenvolvimento econômico e social de longo prazo. Ele ressaltou que, apesar das dificuldades, as instituições científicas brasileiras sempre desempenharam um papel crucial no progresso do país.
Durante as décadas de 1920 e 1930, o Brasil viu a criação das primeiras universidades, como a USP e a UFRJ. No entanto, essas iniciativas refletiam as divisões políticas da época, como a contraposição entre o Estado Novo e São Paulo, o que dificultou a consolidação de um sistema unificado de ciência e tecnologia.
Freire Jr. apontou que as décadas de 1950 e 1960 foram um “momento de ouro” para a ciência no Brasil, com a criação de instituições e agências de fomento como o CNPq e a Capes. Essas iniciativas estavam fortemente conectadas aos esforços de desenvolvimento econômico e social do país, promovendo avanços significativos na pesquisa científica.
O período da ditadura militar foi marcado por ambiguidades. Embora tenha havido perseguições e exílios de cientistas, também ocorreram transformações significativas, como a reforma universitária e a institucionalização da pós-graduação, que impulsionaram a pesquisa no país. Instituições como a COPPE e a Embrapa surgiram nesse período, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico.
Nos governos civis, novos desafios surgiram. A década de 90 foi marcada por políticas neoliberais que afetaram o investimento em ciência e tecnologia, mas também levaram à criação dos fundos setoriais, reativando o FNDCT. Houve uma perda de liderança em áreas como telecomunicações e informática, mas avanços importantes foram feitos.
No século XXI, os governos de Lula e Dilma Rousseff consolidaram o orçamento para ciência e tecnologia, criaram os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) e expandiram universidades e institutos federais. No entanto, desafios como o negacionismo e a perseguição à liberdade científica surgiram nos últimos anos.
Atualmente, o governo eleito incluiu a ciência e tecnologia na PEC da transição, permitindo reajustes nas bolsas de pesquisa e o descontingenciamento do FNDCT. O CNPq está avançando em políticas de diversidade e inclusão, promovendo a participação de mulheres, negras, indígenas e ciganas em estágios e pós-doutorados no exterior.
Olival Freire Jr. nos lembra da complexa história da ciência e tecnologia no Brasil, marcada por desafios e conquistas. Ele enfatiza a importância de manter viva a memória das lutas e conquistas passadas para fortalecer a ciência brasileira e construir um futuro melhor para todos.