Conforme informa o Doutor Leonardo Manzan, a consolidação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) redefiniu como empresas tratam informações sensíveis, inclusive dados fiscais e contábeis. Em um ambiente corporativo cada vez mais digitalizado, o sigilo fiscal tornou-se um componente estratégico da governança e do compliance. Garantir conformidade simultânea com normas de privacidade e regras tributárias é essencial para reduzir riscos jurídicos, proteger a reputação institucional e preservar a confiança de clientes, investidores e autoridades públicas.
Leonardo Manzan elucida a interseção entre LGPD e sigilo fiscal
A LGPD estabelece princípios de transparência, finalidade e segurança no tratamento de dados pessoais. Já o sigilo fiscal, previsto no Código Tributário Nacional, protege informações financeiras e cadastrais fornecidas pelos contribuintes ao Fisco. A convergência entre essas normas exige das empresas controles rigorosos sobre o acesso, o compartilhamento e o armazenamento de dados tributários.
Leonardo Manzan frisa que, em auditorias e fiscalizações, o desafio está em conciliar a obrigação legal de fornecer informações à administração tributária com a necessidade de resguardar dados pessoais e corporativos. O uso de sistemas criptografados e trilhas de auditoria é fundamental para demonstrar que as informações foram compartilhadas apenas nos limites autorizados pela legislação. Além disso, a anonimização e a pseudonimização de dados fiscais sensíveis reduzem significativamente o risco de exposição indevida, mantendo a integridade das obrigações de reporte.

Estruturação do compliance fiscal e de privacidade
Um programa de compliance eficaz integra controles fiscais e de proteção de dados em uma única estrutura de governança. Isso inclui políticas de classificação de informações, revisão periódica de contratos e treinamento contínuo das equipes envolvidas em rotinas fiscais e contábeis. O mapeamento de fluxos de dados é indispensável para identificar pontos de vulnerabilidade e estabelecer protocolos de segurança.
Ademais, Leonardo Manzan expõe que a criação de um comitê de governança, reunindo as áreas jurídica, tributária e de tecnologia, assegura a aplicação coerente das políticas internas. Essa integração evita falhas na transmissão de declarações eletrônicas e no armazenamento de documentos fiscais digitais, que frequentemente contêm dados pessoais de clientes e fornecedores. Processos automatizados de controle de acesso e logs de auditoria contribuem para rastrear toda ação sobre documentos fiscais e relatórios contábeis, promovendo responsabilidade e transparência.
Responsabilidade corporativa e prevenção de incidentes
O vazamento de informações fiscais ou a exposição indevida de dados pessoais pode gerar penalidades severas. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e as secretarias de fazenda estaduais mantêm competência para aplicar sanções administrativas e multas. Por isso, é crucial que empresas adotem planos de resposta a incidentes, definindo etapas para contenção, comunicação e mitigação de danos.
A adoção de soluções tecnológicas baseadas em anonimização, controle de acesso e registros de log fortalece o compliance e assegura rastreabilidade das operações. De acordo com Leonardo Manzan, sistemas de backup e redundância também são essenciais para garantir a continuidade operacional sem comprometer a integridade das informações fiscais. Uma política robusta de segurança cibernética deve prever revisões periódicas, auditorias internas e simulações de incidentes para testar a eficácia dos controles implementados.
Transparência, ética e governança
A convergência entre LGPD e sigilo fiscal reforça o papel da transparência e da ética empresarial. Empresas que tratam informações fiscais com segurança e respeito à privacidade consolidam uma imagem de confiabilidade perante o mercado. Isso favorece relações comerciais duradouras e reduz o risco de litígios ou questionamentos administrativos.
A governança de dados e tributos deve ser entendida como um investimento estratégico, não apenas como obrigação legal. A integração entre privacidade, segurança da informação e conformidade fiscal representa um diferencial competitivo, elevando o padrão de gestão e fortalecendo a sustentabilidade corporativa no longo prazo. Leonardo Manzan analisa, por fim, que a construção de uma cultura organizacional orientada à integridade garante resiliência, previsibilidade e segurança em um ambiente empresarial cada vez mais digital e regulado.
Autor: Arina Vasilievna